10.4.08



CNBB divulga nota de solidariedade aos bispos ameaçados no Pará (Fonte: JB Online)


RIO - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota de solidariedade a três bispos que estariam sofrendo perseguição e ameaças de morte no Pará. A entidade cobra investigações e proteção do governo do Estado para os ameaçados.


- Qualquer agressão a eles atinge a todos nós, seus irmãos no ministério episcopal, e ao povo a quem servem com destemido zelo e corajosa profecia - afirmam os bispos.


- Em Cristo somos um só com eles e com as pessoas que eles defendem: os povos indígenas; as mulheres, crianças e adolescentes que o tráfico de seres humanos instrumentaliza, que a exploração sexual vende e as drogas matam - diz a nota.


Os bispos cobram investigações e proteção para os ameaçados.


- Exigimos das autoridades competentes investigações sérias e proteção para os ameaçados. Sua vida é preciosa para o povo que defendem e para nós que lhes somos solidários. Basta de violência! - prossegue a nota.


Confira a íntegra da nota;


Nós Bispos, juntamente com os organismos, assessores e colaboradores da Igreja no Brasil, reunidos na 46ª Assembléia Geral da CNBB, em Itaici, Indaiatuba (SP), vimos nos solidarizar com os bispos que, atualmente, por causa do Evangelho, sofrem perseguição e até ameaças de morte: Dom Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu, Dom José Luiz Azcona Hermoso, da Prelazia do Marajó, e Dom Flávio Giovenale, Diocese de Abaetetuba. Qualquer agressão a eles atinge a todos nós, seus irmãos no ministério episcopal, e ao povo a quem servem com destemido zelo e corajosa profecia. (cf. Jr 18,18-23). Em Cristo somos um só com eles e com as pessoas que eles defendem: os povos indígenas; as mulheres, crianças e adolescentes que o tráfico de seres humanos instrumentaliza, que a exploração sexual vende e as drogas matam. Apoiamos também seu empenho na defesa do meio ambiente que a ganância devasta com nefastas conseqüências para a vida humana. Suas lutas são, portanto, as nossas lutas, seus sofrimentos são os nossos sofrimentos. O martírio deles seria "crucificar novamente o Filho de Deus" (Hb 6,6). Seria injusta qualquer agressão a estes agentes. Sabemos também porque são perseguidos: "O servo não é maior que seu senhor. Se me perseguiram, vos perseguirão". (Jo 15,20)


Somos solidários igualmente às demais lideranças: Bispos, padres, pessoas consagradas, leigos que trabalham pelos mesmos ideais de vida e de justiça em todo o Brasil onde os direitos humanos são constantemente aviltados e, por isso também sofrem ameaças. Com eles, acreditamos que "o fruto da justiça será a paz e a prática da justiça resultará em tranqüilidade e segurança duradouras" (Is 32, 17). Com eles rezamos: "liberta-me, Senhor! Defende-me pela tua justiça. Atende-me e salva-me!" (Sl 71, 2).


Orgulhamo-nos desses irmãos e irmãs! A perseguição de que são vítimas, por um lado, comprova a autêntica ação evangélica da Igreja no Brasil. Por outro lado, expõe também a perversidade que se introduziu em nossa sociedade cuja história é vergonhosamente manchada de sangue de inocentes que tombaram por causa de seu trabalho na defesa dos injustiçados, oprimidos e excluídos. Diante disso, manifestamos nossa indignação!


Conclamamos todos os cristãos e todas as pessoas que lutam pela justiça e pela paz a não se acomodarem, e não deixar a consciência adormecer: "A verdade e a justiça estão acima da minha comodidade e saúde física - pois, se o meu bem-estar é mais importante do que a verdade e a justiça, vigoram a lei do mais forte, a violência e a mentira". (cf. Bento XVI, Spe Salvi, 38).


Todos somos responsáveis pela construção de um país justo em que as leis sejam respeitadas e garantido o direito de todos a uma vida digna. A justiça e não a violência é que constrói a paz.


Exigimos das autoridades competentes investigações sérias e proteção para os ameaçados. Sua vida é preciosa para o povo que defendem e para nós que lhes somos solidários. Basta de violência!


Que Cristo, o vencedor de todas as formas de morte, nos faça dignos d'Ele!


Itaici, Indaiatuba-SP, 10 de abril de 2008