17.12.06





Sou uma pessoa com um amor imenso transbordando em meu coração. Amo tanto, e muito, de maneira a ser estendida a pessoas que nem conheço. Tenho atitudes tão variantes que visto "de fora" não é de fácil compreensão não. Tenho a complexidade de ver aquela criança no farol e chorar de soluçar, diante da minha limitação em fazer mais por quem de fato necessita. E pouco tempo depois me vejo encantada por tantas coisas que SEI que em nada favorecem minha edificação e a do meu próximo! Sou de uma humanidade que me impressiona, no sentido depreciativo mesmo. Humana por ser limitada, pecadora e inconstante.

Estou sempre tentando me manter na linha que escolhi para minha vida, como um trapezista atento em seu equilíbrio. Mas caio tanto, e me levanto tanto, e ante tombos e mais tombos, sinto tanta vergonha de Cristo que nem sei. Envergonhada porque eu conheço a Palavra! Não posso ser poupada como àqueles que não tem essa dimensão tão escancarada, que é Cristo. Sou fuçona, tenho bases firmes para escolher ser filha da Igreja, sei porque acredito no que acredito. Não sou cristã por ser, como um rótulo escolhido porque lhe é mais confortável. Aliás, confortável é uma palavra pouco usada para associá-la ao cristianismo. É só se aprofundar na vida dos santos, especialmente os mártires, para entender que esta não é das escolhas a mais cômoda. Apenas se torna confortável porque a convicção na Verdade nos torna valentes em assumir este Caminho, entendemos que não poderíamos pertencer a outro, porque não nos cairia bem como uma pessoa manequim 46 vestindo manequim 38 - é desconexo. Não existe volta porque não mais se acredita nela. A grandeza Salvadora de Cristo nos domina de maneira que não mais somos entregues as nossas vontades mundanas, porque o Amor Contagiante da Trindade Santa agora é seu ponto de referência. Quem escolhe a Cristo, embora muitas e muitas vezes caia em pecado, uma vez que é pecador desde sua concepção, a todo momento pondera o que agradaria o Senhor, o que - aos olhos Dele - será mais adequado, mais generoso e misericordioso. E não é fácil. É conviver com os altos e baixos de nossa humanidade a cada pulsação de nosso frágil coração. É não ter trégua até o último suspirar de vida que podemos ser agraciados. É carregar com Cristo a responsabilidade de sua cruz, que embora não seja uma obrigação, é uma atitude de gratidão com Àquele que nos concedeu a Salvação gratuitamente, mesmo sem merecermos. É o tal livre arbítrio. Deus não nos impõe nada, e olha como isto é lindo! Ele se apresenta a medida que você oferece a abertura para tanto. Abriu a porta? Ele fará morada em sua vida. Fechou? Ele continuará te amando infinitamente, mas não poderá transformar o que não deseja ser renovado. É tão simples, tão descomplicado, e talvez por isso tantos não O aceitem. Porque esperam algo fantasioso, mágico, estrondoso, escancarado, à la Spilberg - que definitivamente não é o perfil de Nosso Senhor.

A Trindade que é Pai, Filho e Espírito Santo se apresenta na simplicidade, na singeleza, no cuidado, na ternura. Se faz grandioso por ser simples. Renova por ser simples. Reconstrói pela simplicidade. Poderia ter vindo ao mundo com toda a majestade de um Rei super poderoso de efeitos super-mega-especiais, mas escolheu vir como um simples filho de um carpinteiro simples, e de uma menina simples e resignada à Vontade do Pai. Poderia ter castigado e humilhado seus opressores, mas ofereceu a outra face. Tinha poder para exterminar todo o Mal, mas - e eis o mistério da Fé - permite essas manifestações do pecado no Mundo. Tinha poder, tem e sempre terá. O Deus-Homem que é Onipresente, Oniciente e Onipotente nos concede a liberdade de escolha, Ele que uma vez é Criador, poderia não nos dar escolha. E misteriosamente, e belamente, esta abertuda nos foi dada.

Digo isso para falar de família. Tenho uma família linda. Que amo de tal maneira que nem conseguiria expressar essa grandeza aqui. Como se caso eu ousasse explicar esse sentimento, meu coração explodisse devido a imensa carga de amor contida alí. Sabe alta tensão? Então: alto-amor.

Não saberia explicar o que eu sinto pelo meu pai, porque é algo maior que nem sei. Minha ligação com ele, mesmo explosiva e indignada, é de uma incondicionalidade tão firme, valente... forte, muito forte. Apesar de todos os pesares que a vida nos apresenta, meu pai é um homem tão singular, tão peculiar e fascinante, que não admirá-lo seria um disparate. Concordando e discordando, seria um disparate não admirá-lo. Ele é dessas personalidades que um livro seria pouco para expor tudo o que ele é sendo um só. Precisaria livro autorizado, não autorizado, filme, seriado, novela, quadrinhos... Não é exagero, me acreditem. Me consome quando não o compreendem, quando as pessoas são limitadas demais para isso. Me colocaria na frente dele sem pensar e sem qualquer sobra de dúvidas para que jamais o machuquem. Daria minha vida por ele a qualquer momento, mesmo sendo ele o maior motivador de cada lágrima minha. Ter um pai como o meu só será compreendido por quem o tem, e quanto a isso apenas mais 3 pessoas poderão testemunhar isso, embora apenas uma acredito que poderá falar com mais propriedade. Esses dias ele não está por perto, e queria muito que ele estivesse. Parece que aqui, apesar dos pesares - e são muitos - eu posso protegê-lo, posso amenizar qualquer investida do que não é de Deus. Sei que posso porque quem pode é Cristo, e estando com Ele, Ele será por mim, e sendo por mim será pelo meu pai. Não entendo o porque digo isso aqui, e hoje, mas me veio ao coração. Parece que precisa ficar documentado, sei lá. Tenho tanto dele em mim, que não é de se admirar que escuto sempre algum comentário a respeito. É maior do que qualquer controle pré-estabelecido que eu venha a estipular. Essas ligações paternais, maternais, trazem um grandiosidade que penso que jamais poderiam ser à tôa, penso que quando estivermos na Vida-Lá entenderemos esse quebra-cabeça curioso e tão complexo. Deve existir aí algo bem maior do que nossa compreensão possa atingir. Ou não. Mas isso é lá com Deus, sei recuar...

Não era isso que eu queria dizer, desde a primeira linha! As palavras tomam um rumo sempre inesperado em minhas mão. Como póde fugirem ao controle de quem as escrevem?! Acho elas tão indiciplinadas, como me acho variente alucinada! Sento diante desta máquina com uma intenção e de repente: Plim! Mudou-se o assunto.

Ando num período de renúncias como nenhum outro. Definitivamente 2006 foi o ano em que minha vida foi menos alegre, menos promissora, menos gratificante. Mas acredito que tudo o que é sofrido, quando revertido em oferta à Deus, é de uma benção enorme em nossa vida. Entrego à Deus cada momento difícil deste ano, acredito que eles me favoreceram para ser melhor daqui para frente, que serviram de lição, de testemunho, e de vitória quanto as minhas próprias limitações. Percebí que podemos deixar a vida passar mediocreomente sem que atinar que isto está sendo permitido, e que qualquer um pode, que isso não é apenas atitudes de pessoas fracas e indefesas. Percebí que sem pensar abrimos mão do que está instalado em nós, do que acreditamos, do que nos foi dado como carisma por Deus assim... deixando escorrer pelos dedos, sem zelo, sem percepção nenhuma. E percebí que sempre é tempo de despertar, recomeçar, reconstruir, acreditar, e que a cada passo dado para trás, favorece uns 10 para frente - lá na frente. Cada momento difícil precisa ser saboreado para que os momentos de paz sejam valorizados como se deve. E que ninguém, ninguém definitivamente, tem as rédeas de sua vida - apenas você. E Deus, quando a porta, apesar das adversidades, se mantém aberta, mesmo que muitas vezes não escancarada - pois Ele penetra até pela fresta deixada.

"Sofrimento é privilégio dos que sentem" Clarice Lispector

Sempre fui uma pessoa muito amada, e mal acostumada por isso. Cheia de vontades e de poucas renúncias. Em 2006 me fechei para balanço, depois de tantos relacionamentos que não me preencheram. Não que os repudie, de maneira alguma. Agradeço a Deus por todo relacionamento, e peço perdão a cada pessoa que possa ter feito sofrer, mas o que digo é que embora de corpo presente, minha alma e pensamento sempre estavam em quem eu quero para mim, que é bem diferente do que tive até então. Não que o que tive não era bom. Era. Mas não para mim. Não aponto o problema dos outros, mas apenas e exclusivamente meu. Que isso fique bem claro. Tive namorado famoso, bem sucedido, lindo de viver, e tudo o que muitas mulheres procuram com afinco. Mas em pouquíssimo tempo, e sem muitas explicações, lá estava eu colocando pelo em ovo, complicando o que não tinha cabimento complicar, dificultando as coisas. Sempre quis, desde que comecei a sentir essa vocação para o matrimônio, um homem de Deus, de valores bem definidos, adeptos do que os católicos chamam de Namoro Santo. Um cara normal, família, trabalhador, não limitado para as coisas do alto, generoso, misericordioso, alguém que tem o desejo de formar um lar onde a Sagrada Família de Nazaré seja o exemplo a ser seguido. E isso em nada tem de utopia, mas de opção, escolha, perfil. Claro que aonde eu buscava, dificilmente encontraria esse rapazinho. Mas eu acredito piamente em milagres, e muitas vezes era nisso que eu me sustentava. Acontece que com 28 anos percebí que já era a hora de jogar a toalha, que não podia mais passear em 2 mundos tão distintos. Que se eu quero uma realidade para mim, não posso querer passear em outras realidades que de maneira alguma entram no contexto desejado. Por isso, mesmo transbordando de bons sentimentos, recuei para o outro. Quem está de fora claro que despejou em mim vários pontos de vista contrários, mas quando sabemos o que está em nosso coração, quando sabemos aonde queremos ir, nada é capaz de nos desviar. Nos inquieta, claro, devido a nossa humanidade. Mas não nos desvia. É um sofrimento interior. Mas quando degustamos cada renúncia, podemos alcançar grandezas que jamais estiveram em nosso coração.

Peço a Deus um amor daquele que está na Bíblia, descrito por São Paulo. Se não puder dizer aquelas palavras ao meu bem, prefiro dizê-las apenas ao meu Pai que estás no Céu. Não quero mais uma compania que "não é bem aquilo que eu queria mas tá bom", "todo homem é igual", "Amar, amar, eu não amo. Mas eu tenho carinho, então tá bom". Não queros relacionamentos medíocres, apoiados no mundo. Quero poder dizer sem amarras, sem jogos, sem inseguranças:

" O amor é paciente,

o amor é prestativo;

não é invejoso, não se ostenta,

não se incha de orgulho.

Nada faz de inconveniente,

não procura seu próprio interesse,

não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça,

mas se regozija com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê,

tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará."

(1 Corintios 13, 4-8)

É este amor que quero para mim, senão não quero nenhum outro. Não quero um relacionamento apenas para constar. Tive tantas oportunidades de casamento, de relacionamentos sérios, mas não eram para ser, não me preenchiam. Ou não tinham emoção, um sentimento maior nos moldes da música do Jota Quest ("quero um amor maior, um amor maior que eu..."), ou não tinha admiração, não acreditava, não me via casada-com filhinhos-na missa lá na frente, por aí... Quero esse amor amigo, cúmplice, confidente, parceiro, onde "eles dois se tornam uma só carne", tamanha a dimensão do sentimento que os une.

Ah, o amor... sentimento mais bonito! Gosto dessa bagunça. Sou irritantemente romântica, e fico feliz por isso. Prefiro isso a frieza de quem não é. Nem sei se quem não é romântico carrega consigo o sinônimo de frieza, mas tenho cá comigo que sim...

Também não sei porque estou dizendo tudo isso, não era para eu estar expondo essas coisas aqui, hoje, sei lá. Que confusão. E não sei porque agora a Clarice se instalou na minha cabeça. Penso em citações Bíblicas e em citações de Clarice. Como acho lindo esse nome! Clarice Lispector! Minha escritora predileta! Então, querida, agora estou contigo em meus pensamentos. Você misturada nesta confusões de personagens que agora passeiam em mim...

Ando cansada. Com vontade de jogar tudo pelos ares, e de seguir em frente, determinada. Mas não sei se posso, se consigo não "puxar" para mim o que anda bagunçando o coreto. Não sou desprendida, entende? E vivo na boa intenção... êta coisa medíocre! Mas não é de todo ruim, porque não me pego a pensamentos negativos, apenas muitos deles "às vezes" morrem na praia... Poderia ter ficado sem esta, mas vou deixar aqui para documentar a minha pequenez. E reza, e dobra o joelho no chão, e confessa, comunga, e vai a missa... e ainda é tola! Não é culpa de nada do que disse, mas de mim, que sou tão ruinzinha. Não sou ruim, do mal. Mas sou ruim de ser melhorada. Mas como milagres existem, e aí está Nosso Senhor Jesus Cristo para não me deixar mentir nos 4 Livros do Evangelho, quem sabe uma hora Ele com uma tremenda dó de mim não resolve me fazer melhorzinha? A esperança tem que ser mesmo a última que morre, senão ficaria difícil acordar todos os dias...

Está tão próximo do Natal, a festa da Encarnação, o aniversário de Jesus. Que dia mais feliz! Amo, amo e amo! Estamos nos preparativos, mas já foi acordado que o bolo será cortado a 1/2 noite junto com os parabéns e o apagar das velinhas acompanhado e seguido de orações espontâneas vindas lá do fundinho do coração, que são as mais bonitas e que fazem a galera chorar. Não vejo a hora! Engraçado, apesar do tempo, em dias como esses, sinto muita falta de um antigo relacionamento que tive, principalmente quando vou a missa. Queria muito saber quando isso vai passar, e se vai um dia...

Meu apoio constante:

" Fidelidade a toda prova

Meu filho, se você se apresenta para servir ao Senhor, prepare-se para a provação. Tenha coração reto, seja constante e não se desvie no tempo da adversidade. Una-se ao Senhor e não se separe, para que você no último dia seja exaltado. Aceite tudo o que lhe acontecer, e seja paciente nas situações dolorosas, porque o ouro é provado no fogo e as pessoas escolhidas, no forno da humilhação. Confie no Senhor, e ele o ajudará; seja reto o seu caminho, e espere no Senhor.

Vocês que temem ao Senhor, confiem na misericórdia dele, e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Senhor, confiem nele, que não lhes negará a recompensa de vocês. Vocês que temem ao Senhor, esperem dele os benefícios, a felicidade eterna e a misericórdia.

Examinem a história, e verão. Quem confiou no Senhor, e ficou desiludido? Quem perseverou no seu temor, e foi abandonado? Quem o invocou, e não foi atendido? Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo do perigo.

Ai dos corações covardes e mãos preguiçosas, ai do pecador que anda por dois caminhos! Ai do coração preguiçoso que não confia, porque não será protegido! Ai de vocês que perderam a paciência! O que farão vocês quando o Senhor lhes pedir contas?

Os que temem ao Senhor não desobedecem às suas palavras, e aqueles que o amam observam os caminhos dele. Os que temem ao Senhor procuram agradar-lhe, e aqueles que o amam cumprem a Lei. Os que temem ao Senhor preparam seus corações, e diante dele se humilham. Cada um de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza."

(Eclesiástico 2)

Voltemos. Para despedir de todos, por ora. O que posso dizer de hoje? Desta postagem:

"(Não há dúvida: pensar me irrita, pois antes de começar a tentar pensar eu sabia muito bem o que eu sabia)" Clarice Lispector

10.12.06



Fala. Estou pronta pra te ouvir. Então chama.

E se o mundo permitir, a gente ama.

Tá ardendo essa paixão por dentro. Grita!

Deixe o céu se abrir nesse momento.

Chora. Põe pra fora essa vontade linda agora.

Como se existisse amor ainda glória.

O caminho pode dar na mesma chama. E o destino de quem ama.

Se eu soubesse que o amor te envaidece, não teria dado a chance que eu te dei.

Esse medo, isso é comum, a gente esquece.

Mas não tenha tanto orgulho assim. Você pode ser melhor pra mim, eu sei.

Quero ver seu lado mais adulto...

Chama/ Nila Branco