23.10.06



Hoje é aniversário da minha sobrinha. Ela já comemorou com maestria, por 10 dias de sonho, que serão lembranças para uma vida. Fico feliz por isso. Lembranças felizes são tão valiosas! Ela um dia vai saber do que estou falando. Mas como é de família esse “mesmo assim, só para não deixar passar em branco”, fomos conhecer uma pizzaria nova, com 2 meses apenas, na Vila Madalena. Ia falar Vila Madá, mas tem apelido (quase todos na sua maioria) que deprecia tanto o nome verdadeiro, e que a gente diz por costume, que é um desperdício. Madalena é tão mais saboroso ao pronunciá-lo. Mais bonito é lógico, mas tem palavra que é saborosa de pronunciar, esta é uma delas. É só escutar e cantar com Ivan Lins “ô Madalena!..” que você consegue tirar a prova do que estou falando. Madá! Coisa mais sem graça! Expressãozinha urbana mais sem graça... Então: rodízio, essas invenções para esfomeados. Eu sou esfomeada, mas sou domesticada, então acho de mal tom rodízios, acho um mal costume para ser franca. Pensa comigo: a gente come, come e come messssmo já satisfeita, mesmo não agüentando mais nada, e muitas vezes até nem achando tão delicioso assim, e come. E não adianta vir com esse papinho que não come, todo mundo quando à vontade com a (s) companhia (s) come – exageradamente! Minha família que o diga! Uma ala está domesticada, outra tentando, outra nem aí para o babado. Eu disse que sou domesticada, mas errei na expressão: eu sou da ala dos que estão tentando. Não consigo conviver com a hipótese de ser obesa um dia, mas amo comer. Então estou sempre tentando ser domesticada, seguir uma dieta para toda vida, como a própria palavra ensina. Pisei na bola mais uma vez, porque nem estava bom a tal da pizza. Na verdade só o lugar era uma graça, porque a pizza era péssima. Uma linha de tão fina, uma tragédia para mim que gosto de massa grossa com a borda transbordando! Fininha, recheio sem tempero (nem sal!), sabores esquisitos. E olha que aprecio bem novos paladares, mas desta vez ninguém merecia. O atendimento péssimo também, que dava até dó. Me deu vontade de falar para o dono, dar uma dicas, mas como não dá para ter garantia de que seriam bem acolhidas minhas críticas construtivas, fiquei foi bem na minha. Porque as pessoas na maioria das vezes preferem se afogar na lama do que escutar o próximo, bem ou mal intencionado. Eu gosto de escutar, porque quem sabe ali eu aprendo uma coisa nova? Mas fui embora do mesmo jeito que entrei. Pior, na verdade, porque antes tava tão bonitinha por dentro, e aí com aquele montão de pizza ruim dentro de mim devia estar um horror interno. Mas valeu por estar em família, por estar com minha sobrinha tão amada, celebrando uma data que marca um ciclo. E escutá-la contando as novidades não tem preço! É tão bom ver o brilho nos olhos de alguém! Fiquei tão encantada que agora quero para mim, olha que coisa boa! Isso é bom: contagiar-se com boas experiências. Nessas horas a gente percebe como o mundo é muito mais imenso do que podemos imaginar, e como ainda temos muito a conhecer. Bom isso, traz uma grandeza fabulosa. Uma amplitude feliz.
Vou falar pouco da minha menina. Aprendi a amá-la. Convivência, tempo, amadurecimento. Foi de fato uma conquista. Hoje a amo. Demais. Sinto sempre que ainda estou em falta, que deveria participar mais. Mas a gente se envolve com outras coisas de vida que quando vê você ficou mais uma vez na boa intenção.


Minha irmã disse essa semana que somos uma família que vive na boa intenção, e isso bateu fundo aqui pra mim. Ela falou falando. Sabe quando a gente fala e de repente sai? Despropositadamente. Eu, mamãe e Lê. Boa sacada, irmana. E não é que é verdade? Desejamos tanto bem, queremos tanto ajudar, favorecer, contribuir, mas depois morre na praia. Na boa intenção. Não quero deixar isso persistir. Coisa feia. E dou minha palavra que não é de propósito mesmo! Não é. Mas isso não torna a falta menos grave, não. Porque a gente tem que ser mais comprometido na vida. Tem que ser uma conquista diária. E como o caminho se faz caminhando mesmo, vou tentando acertar. Acredito que nós todos, mas só posso falar por mim. Não gosto dessa mania que tanta gente tem de se comprometer pelo outro. A minha irmã que foi um barato, olha só: ela, grávida, baita barrigão, fez uma promessa para caminhar de Guapé, cidade do interior de Minas Gerais, até uma comunidade rural próxima, de sei lá quantos quilômetros, não sei se o nome da comunidade é Santo Antônio, Aparecida, sei lá. Sei que é um costume anual do pessoal da cidade ou de ex-moradores, filhos da cidade e visitantes, fazerem uma caminhada até lá. Uns por diversão, outros poucos por penitência mesmo. A minha irmã fez como penitência a Deus, entrega. Muito bonito, penso eu. O engraçado é que ela fez para que eu pagasse! Veja só! Alegando que ela estava grávida, e como eu seria a Dindinha mesmo do bebê que viria, tava tudo certo. Cumpri, né, que jeito? Madrugada afora, com uma amigo querido, o Evandro, lá fomos nós. Rezando mais, mas também colocando os assuntos em dia. Pouco, porque era mais oração mesmo. Foi bom chegar, ver a igreja. Um dia feliz, esse. Preta, a Dindinha te ama. Demais da conta. Conte sempre com minhas orações, flor. E vou repetir: nunca deixe de pedir bença para titia, porque meu dia fica bem mais bonito, toma mais sentido. Que Deus a abençoe, e que Maria Santíssima esteja sempre presente em tua vida.